Resenha do Raposo – Rooster Fighter #1 (Panini Comics)

O Galo de briga que é só gogó

Há diversas obras que, por diversos motivos, ganham atenção do grande público e, porque não, viram sucessos instantâneos com o público que pretende atingir. No meio dessa série de obras, uma acabou ganhando os holofotes por sua proposta inusitada.

Rooster Fighter (ou Niwatori Fighter, no original) é daquele tipo de obra que chama atenção por sua proposta and enredo, porém, para este que vos escreve a sensação, ao final, não foi tão positiva como se espera.

Primeiramente, vamos às apresentações para quem não conhece a obra: Escrito e ilustrado por Syu Sakuratani, Rooster Fighter é publicado na Monthly Hero’s (a mesma revista de Ultraman, Kamen Rider Kuuga, dentre outras obras) desde Dezembro de 2020 e conta, até o momento, com um volume encadernado. A série já está licenciada em diversos Países além do Brasil e, de certa forma, virou um fenômeno com o público que, por algum motivo, curtiu o galo que luta contra monstros gigantes.

Devo dizer que, conforme eu disse lá no início, para mim a proposta não foi tão positiva quanto eu esperava, mesmo pondo em perspectiva que é, sim, mais uma bobajada para render aquela diversão descompromissada. Não posso dizer que é culpa do enredo, até porque ele é bem interessante, porém digo que achei a forma como é feito muito arroz com feijão padrão. 

A forma episódica da trama não consegue me fazer ter a imersão que eu desejava, pelo contrário, me deixa desinteressado pelo que ocorre naquele universo. Não me entendam mal, mas é algo que ao longo da leitura foi só me deixando com aquela sensação de “é isso?”. Foi algo que faltou mais com o que me apegar.

O protagonista tem um carisma imenso, isso é inegável; porém não é algo que sustente todo tempo, pois a fórmula utilizada é basicamente: o galo chega a um lugar, encontra alguém que lhe servirá de amigo, aparece o Kijuu, galo derrota o Kijuu e parte para outra. É uma estrutura que fica previsível e repetitiva (compreendo quem gosta, mas não é algo que eu ache minimamente empolgante para me segurar na narrativa). 

Além disso, vale dizer que os monstros são, para dizer o mínimo, medíocres. Não há desafio para nosso herói, não há porquês dos Kijuus existirem e eles estão lá por que sim. Pode parecer birra de alguém que não achou a obra tão impactante assim, porém toda obra tem lá suas explicações de universo no início; Rooster Fighter tenta ser diferente e, honestamente, falha. 

Bobajadas podem não ter propósito específico, porém nos deixam a par do seu universo desde o começo; quer seja com um filho que quer derrotar o pai que é a criatura mais forte do universo, pessoas que saem na porrada em nome de uma empresa, um cara que caí na terra e, após bater a cabeça, luta para protege - lá enquanto procura esferas que realizam desejos. O roteiro pode ser simples, mas não pode faltar o tato para explicar o essencial ao público e aqui é tudo por que tem que ser.

Se o roteiro soa bem qualquer coisa, o mesmo não pode ser dito da arte, pois o Syu Sakuratani possuí uma arte bem característica e, porque não, marcante. Tudo é bem definido e você consegue ver o quanto ele se empolgou desenhando o que colocou no papel, inclusive, cabe mencionar, as páginas do golpe mais poderoso do galo são bem impactantes. 

É o tipo de arte que funciona para mangás de ação e consegue, com êxito, cativar quem gosta de mangás desse estilo. Vale um adendo que os animais que aparecem são muito bonitos, em especial no capítulo que o galo para em um zoológico.

Como disse no início do texto, a obra foi licenciada no Brasil pela Panini Comics que lançou o 1º volume – e único disponível – no mês de Agosto. Com o preço de capa de R$ 29,90, a edição saiu com a qualidade padrão da editora (capa cartão e papel offwhite), porém admito que é uma obra que, por não ter funcionado para mim, não pretendo seguir adiante na série – pelo menos não em primeiro momento. 

Rooster Fighter é uma obra que vale a pena se você for daqueles que gostam de uma bobajada sem muitas explicações do universo, que se sustenta apenas pelas páginas bem desenhadas e pelo ritmo onde você só senta e desliga o cérebro. Pois, se sua intenção for pela expectativa que geram você vai encontrar uma obra rasa e que, dentro da proposta, é só gogó.

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